Um bem sucedido programa de renovação de frota já sucateou mais de 35 mil veículos comerciais, no México, com benefícios ao meio ambiente e à segurança.
Sérgio Gomes*
O programa de renovação de frota de caminhões do México, que se desenvolve continuamente há dez anos, é bem diferente de ações semelhantes nos Estados unidos e Europa ? onde existem mecanismos de financiamento eficientes, além de incentivos. O Programa de Chatarrización (sucateamento) adotado pelo governo mexicano tem como propósito retirar de circulação e garantir a reciclagem de veículos pesados rodoviários e urbanos. Os principais objetivos são a redução da poluição e dos acidentes provocados por caminhões antigos mal conservados.
Para ter acesso aos benefícios do programa, o veículo deve ter mais de 10 anos e deve ser deixado em um dos centros de sucateamento credenciados pelo governo. Nestes locais, recebe um certificado de destruição que permite adquirir um veículo novo ou semi novo com até 6 anos de uso. O incentivo pago pelo caminhão antigo garante o pagamento da entrada para compra de veículo a ser financiado. Os valores pagos para o sucateamento variam de 48 a 161 mil pesos mexicanos, atingindo até 15% do valor do novo veículo a ser financiado.
Em dez anos o programa mexicano contabiliza mais de 35 mil veículos antigos destruídos. A frota mexicana é composta por aproximadamente 377 mil caminhões, sendo 36% deles com mais de 20 anos, a maior parte pertencente a pequenos transportadores. Entenda-se que mais de 80% das companhias de transporte são de autônomos, na prática (de 1 a 5 caminhões), responsáveis por 27% da frota. Sendo informais, não têm acesso a programas de financiamento. Do lado oposto está 1% das companhias de transporte grandes que detêm 26% da frota, a mesmo quantidade dos autônomos.
Dessa forma, calcula-se que esse resultado permitiu poupar 9,630 milhões de pesos mexicanos (o equivalente a R$ 1,7 bilhão) em benefícios ambientais, através da redução de poluentes, além de valor ainda não contabilizado em redução de acidentes de trânsito.
Apesar de aplicar incentivos governamentais, ao contrário de EUA e Europa, este programa apresenta alguns aspectos especialmente interessantes, tais como:
– Leva em conta tipos de transportadores, por tamanho;
– Permite sofrer ajustes, como foi feito, para garantir sua continuidade;
– Tem resultados monitorados;
– É mensurado também em benefícios ambientais.
O programa mexicano de renovação de frota usa de incentivos fiscais mas é merecedor deatenção, pelo fato de já ter demonstrado sua eficiência. Possui longevidade, passou por ajustes e apresenta resultados positivos.
A solução para o caso brasileiro talvez deva considerar o melhor dos ?três mundos? aqui apresentados. Pelas características peculiares do Brasil, acreditamos que a melhor solução deverá ser uma solução local que possa aproveitar a experiência desses mercados.
*Sérgio Gomes, ex-diretor de estratégia do Grupo Volvo na América Latina, é especialista em Estratégia e Negócios e sócio diretor da Sérgio Gomes Consulting.
mandou bem Serjão. Taí um exemplo pra nós começarmos a tirar os caminhões velhos das estradas. Como você bem sabe, aqui no Brasil esta questão da renovação da frota e sucateamento de veículo se arrasta há anos.
Abs!
Sérgio Gomes, enquanto aqui no Brasil estivermos mais preocupados com o “aqui e agora”, sem pensar no futuro, iremos pagar mais caro do que imaginamos. Os gestores brasileiros não sabem gerenciar seus bens, mantendo o que tem, da mesma forma que está até detonar. Eles não sabem fazer cálculo de custo benefício. Infelizmente não há uma visão para o futuro, por isso que o João Geraldo diz que o sucateamento está sendo arrastado há décadas.
Recentemente um caminhão saiu da faixa e atingiu um ônibus lotado de estudantes. Acredito que o motorista se distraiu na fadiga e saiu de pista. Se fosse um veículo Volvo atual com dispositivo anti fadiga, isto não teria ocorrido. Seria um incidente e não um acidente com mortes.
E´incrível que nossos políticos, de todos os níveis, são omissos nesta questão. É preciso promove debates e achar saídas.pALESTRAS, SEMINÁRIOS, FOLDERS… O nivel de acidentes, poluição, custos é desconhecido de nossa sociedade mesmo o de melhor escolaridade.