Consciência , atitude e respeito

 “Meu propósito tem sido ajudar as pessoas a compreenderem que, mesmo sendo bons motoristas, todos nós corremos o risco de nos envolvermos em acidentes de trânsito”.

Carl-Johan Almqvist

 

Ele tem segurança em seu DNA  e acompanhou o desenvolvimento de grande parte das soluções de tecnologia  presentes nas  últimas gerações de caminhões da marca.  Termina um ciclo na Volvo,  mas continuará com seu propósito em defesa da       educação e respeito para um trânsito mais justo e humano.  Em entrevista ele comenta os desafios da sociedade e deixa uma reflexão aos brasileiros.

 

PVST: Em 2020  termina a década mundial de segurança no Trânsito, idealizada pela ONU. Qual a sua análise? Tivemos mudanças? 

Carl-Johan: A iniciativa é ótima, mas ainda temos um longo caminho pela frente. Precisamos fazer com que as pessoas entendam que elas fazem parte do ambiente do trânsito e que, todos juntos, somos responsáveis pelo resultado dessa grande empreitada. Estamos percebendo muito individualismo, as pessoas pensando somente nelas mesmas, este não é o caminho certo. É preciso humanizar o trânsito.

 

PVST: Como você analisa o cenário de segurança nas estradas? Em que o mundo evoluiu? Aonde não teve avanço?

Carl-Johan: Isto varia muito de país para país e mesmo entre continentes.  Carros estão sendo equipados com muitos aparelhos de segurança, porém, ao mesmo tempo, alguns passam a depender exclusivamente dos sistemas em seus carros, deixando o bom senso de lado e, sendo assim, estamos vendo mais acidentes com carros mais novos.

PVST: Você que acompanha o investimento e desenvolvimento  de soluções em segurança da Volvo, qual delas você acha que teve maior relevância para proteger e salvar vidas? 

Carl-Johan: O cinto de segurança é o número um, sem dúvidas, mas temos muitas técnicas adicionais sendo implementadas, como o Volvo Dynamic Steering, uma tecnologia fantástica para proporcionar uma perfeita estabilidade dos veículos. 

 

PVST: O Comitê de Investigação de Acidentes, é  uma  das maiores contribuições que a Volvo tem dado à pesquisa e formação de  banco de dados sobre acidentes. Quais resultados a investigação de acidentes trouxe ao desenvolvimento de soluções seguras?

Carl-Johan: Os estudos para entender como e porquê os acidentes ocorrem são a base para o desenvolvimento de novas soluções de segurança. Com este conhecimento, tem sido possível focar nos acidentes que são mais comuns em busca de soluções rápidas e eficientes. O trabalho da equipe é  fundamental para o desenvolvimento da maioria das soluções de segurança presentes nas últimas gerações de caminhões Volvo.

 

PVST:  Você tem sido a imagem pública da segurança da Volvo. Qual tem sido o aprendizado ao conscientizar as pessoas?

Carl-Johan: Influenciar o comportamento das pessoas no trânsito é gratificante. Meu propósito é  ajudar as pessoas a compreenderem que, mesmo sendo bons motoristas, todos nós corremos o risco de nos envolvermos em acidentes. Também acho importante chamar a atenção para os usuários vulneráveis das vias, que são as crianças e os pedestres. 

 

PVST: A Volvo foi inovadora no desenvolvimento de sistemas de segurança passiva e ativa. Qual o desafio agora? O que vem pela frente?

Carl-Johan: A segurança passiva ainda é muito importante porque, mesmo que você tenha sistemas de segurança ativa, em qualquer eventualidade, estará  protegido por sistemas de segurança passiva. Estamos falando do cinto de segurança, air bags, etc. A segurança ativa certamente continuará se desenvolvendo à medida que sensores e computadores se tornarem mais potentes. 

 

PVST: A automação dos veículos vai ajudar na redução de acidentes? 

Carl- Johan:  Inicialmente, o foco tem sido as áreas confinadas. Em seguida, no futuro, passará para rodovias com  normas rígidas. A automação requer um ambiente em que todos seguem as regras. Sabemos que nós, seres humanos, podemos nos adaptar com facilidade a variações em diferentes cenários e tomar decisões muito rapidamente desde que estejamos alertas e focados. As regras de trânsito podem ser diferentes dependendo de onde você estiver. Este é, naturalmente, um dos desafios para os veículos de autônomos.

 

PVST: Você já esteve no Brasil e conhece o drama do trânsito brasileiro. Qual sua recomendação para países, como o Brasil, com urgência de mudança?

Carl-Johan: Percebo que o brasileiro ainda não se deu conta da importância da atitude de cada um. Eles precisam entender  que juntos  fazemos parte do ambiente de trânsito. Se conscientizar de que a nossa família pode ser a próxima a se envolver num acidente. Daí a importância de estarmos todos juntos!

 

PVST: Uso do celular é hoje uma das grandes causas de acidentes também no Brasil. Qual sua mensagem para quem ainda não se conscientizou da gravidade?

Carl-Johan: Mais uma vez é preciso conscientizar os motoristas sobre o perigo de usar o celular enquanto dirigem. Será que eles sabem que  falar ao telefone aumenta 06 vezes o risco de se envolver num acidente e digitar este risco vai par 23 vezes?

 

PVST: Educação ou punição? Qual sua opinião para melhorar o comportamento das pessoas no trânsito?

Carl-Johan: Esta é uma pergunta capciosa, mas o melhor caminho é informar a todos que têm um papel importante a desempenhar no trânsito. Punir não é a melhor maneira de fazer isso, já que as pessoas têm reações diferentes a punições. E também que tipo de punição! O monetário não atinge alguns, mas pode ser um desastre para outros.

 

PVST: Qual o seu maior legado em prol da segurança?

Carl-Johan: Penso que é  adicionar  mais sentimento ao conscientizar sobre o nosso modo de ser no ambiente de tráfego. Acredito  na cooperação e na ajuda mútua ao invés de tornar o ambiente mais  perigoso. Na importância do respeito e de se importar uns com os outros. Essa tem sido a minha defesa para um trânsito melhor.

 

PVST: Você está encerrando um ciclo na Volvo, qual a sua próxima contribuição para um mundo mais seguro?  

Carl-Johan: Como a segurança é tão importante para mim, continuarei a defender a       educação e o respeito ao compartilharmos as ruas  e as estradas. Também  continuarei como membro do Conselho de Educação de Trânsito em Gotemburgo.