A maioria das vitimas está em países de baixa e média renda e com altas taxas de motorização. Para reverter esse triste quadro, a instituição declarou o período entre 2011 e 2020 como a Década da Ação para Segurança Viária, com o objetivo de reduzir pela metade o número de mortos no trânsito até o final da década.
Uma iniciativa que pode contribuir para a conquista desse objetivo e também colaborar com a visão Zero Acidentes nas cidades é o investimento em Sistemas Prioritários para Ônibus. A delimitação de espaços restritos à circulação de veículos coletivos de alta capacidade de transporte, como faixas exclusivas ou canaletas, reduz o risco de colisão com outros veículos e o número de atropelamentos. Os sistemas BRTs (Bus Rapid Transit – Transporte Rápido por Ônibus)existem,atualmente, em 202 cidades, transportando aproximadamente 33 milhões de passageiros por dia no mundo. Para comprovar os benefícios desse tipo de sistema, a organizaçãoWRI Brasil Cidades Sustentáveis realizou um estudo em 30 sistemas de ônibus em diversas cidades no mundo.
O guia “Segurança Viária em Sistemas Prioritários para Ônibus” elaborado pela WRI foi desenvolvido a partir da análise de dados de acidentes, auditorias e inspeções de segurança viária, e constatou que os BRTs representam uma boa solução na mobilidade urbana e na qualidade de vida da população. “Esses projetos são uma grande oportunidade de avançar em intervenções que podem contribuir significativamente para a redução no número de mortos e feridos ao longo dos corredores e no entorno. O estudo mostra, por meio de evidências, que nas vias onde eles foram implementados, foi possível reduzir em até 50% o número de mortos e feridos. Para isso foi preciso investir em infraestrutura de qualidade e elementos de segurança”, afirma Rafaela Machado, especialista em Segurança Viária da WRI.
Exemplo da América Latina
A maior malha de BRT no mundo está na América Latina. Segundo o estudo, a principal razão pela qual os sistemas BRTs latino-americanos têm gerado impactos positivos sobre a segurança é o fato de que, a fim de acomodar a infraestrutura do BRT, as cidades criaram faixas exclusivas para ônibus ou introduziram canteiros centrais, reduziram distâncias de travessia de pedestres e proibiram a conversão à esquerda na maioria das interseções. As experiências positivas da América Latina têm inspirado outras regiões do mundo a adotar esse sistema com êxito.
De acordo com a WRI, as soluções de transporte urbano adotadas nas cidades devem estar de acordo com as suas necessidades. “Pode-se dizer que a melhor solução em transporte urbano passa pela consideração de diversos aspectos da sustentabilidade, entre eles o econômico, o social e o ambiental. Isso está diretamente relacionado ao número de pessoas que utilizam o sistema no horário de pico. Por exemplo, para demandas até 5 mil passageiros/hora/sentido, uma faixa de ônibus convencional é a solução mais indicada por atender os três pilares da sustentabilidade. Um BRT em faixa simples tipicamente transporta até 15 mil passageiros/hora/sentido; contudo, se uma faixa de ultrapassagem for adicionada, ele pode atender demandas de até 48 mil passageiros/hora/sentido, como é o caso da Av. Caracas, em Bogotá”, detalha Rafaela.
Solução que pode ser replicada
Os sistemas BRTs trazem ainda a vantagem de serem mais baratos e mais rápidos de serem implantados do que outros sistemas de transporte coletivos. Por isso o sistema tem se tornado atrativo para muitas cidades. A publicação da WRI apresenta casos de implementação de BRTs e faz análises das soluções adotadas para estabelecer as melhores práticas em segurança. “O guia apresenta as diretrizes e boas práticas para o planejamento, projeto e operação seguros de sistemas prioritários para ônibus. Esperamos que a publicação seja usada como referência por projetistas, arquitetos, engenheiros e tomadores de decisão envolvidos em projetos de sistemas prioritários para ônibus para que as infraestruturas contem com as melhores práticas em termos de segurança viária e contribuam para reduzir o número de mortos e feridos nos principais corredores de transporte das cidades”, conclui Rafaela.
O estudo completo pode ser acessado em: http://d.pr/f/S5P1