O Senado aprovou, semana passada, o Projeto de Lei que flexibiliza o descanso obrigatório dos motoristas profissionais. O projeto altera o tempo permitido de direção contínua, ou seja, sem intervalos de descanso. Se for sancionado, tempo de descanso só será fiscalizado nas rodovias previamente homologadas pelo governo. E, ainda assim, apenas depois de seis meses. Já a jornada máxima de trabalho foi mantida em 10 horas.
Para o presidente da Associação Brasileira de Medicina no Tráfego, Abramet, José Montal, ?está comprovado que após dirigir 8 horas o risco de acidentes dobra?. Ele explica que ?a fadiga afeta a condição médica do condutor de maneira semelhante ao álcool, ou seja, reduzindo sua capacidade de se manter atento e reagir em tempo hábil?.
De acordo com o texto do projeto, a cada seis horas no volante, o motorista deverá descansar 30 minutos, mas esse tempo poderá ser fracionado, assim como o de direção, desde que o tempo dirigindo seja limitado ao máximo de 5,5 horas contínuas. Atualmente, o tempo máximo de direção é de 4 horas contínuas.
Para a coordenadora do Programa Volvo de Segurança no Trânsito, Anaelse Oilveira, ?os tempos de jornada de trabalho e descanso dos motoristas devem ser olhados com cuidado, pois falta de descanso interfere diretamente na performance do motorista, comprometendo a segurança ao dirigir?.
Ela cita o Atlas da Acidentalidade no Transporte, um levantamento detalhado apresentado pelo PVST recentemente sobre acidentes de trânsito nas rodovias federais brasileiras, que aponta a sonolência como uma das principais causas dos acidentes com maior índice de gravidade. De acordo com o documento, só em 2012 houve 4625 acidentes provocados exclusivamente por dormir ao volante, com índice médio de gravidade de 4,0. A falta de atenção ao dirigir ? que também pode ser relacionada ao cansaço ? provocou 61.176 acidentes naquele ano, com índice médio de gravidade de 2,9.
A coordenadora do PVST destaca ainda que ?o cansaço do motorista profissional afetam não apenas o transporte comercial, mas colocam em risco todos os demais usuários das estradas?.