O Programa Volvo de Segurança no Trânsito (PVST) está completando 30 anos em 2017. Uma das ações do programa é o Prêmio Volvo de Segurança no Trânsito. Iniciativa com o intuito de reconhecer programas, práticas e ideias voltadas à segurança no trânsito, e que serviu como incentivo e ferramenta impusionadora para muitas ações e instituições voltadas para o tema.
Exemplos de iniciativas premiadas que ganharam força e visibilidade com o reconhecimento do Prêmio Volvo mantêm suas atividades até hoje são a Fundação Thiago de Moraes Gonzaga de Porto Alegre (RS), a ONG ETEV, de Santa Rita (PB) e o CFC SAEP, de Juiz de Fora (MG).
Em 1987, quando foi lançado, o Prêmio Volvo de Segurança no Trânsito, tinha o objetivo de envolver pessoas, profissionais ou instituições já interessadas no assunto, além de incentivar o surgimento de movimentos que pudessem abraçar a causa e dar a ela um destaque compatível com a sua importância local ou nacional.
Ao longo de suas 18 edições realizadas, o Prêmio Volvo teve várias categorias como forma de facilitar o engajamento da sociedade. As últimas edições contemplavam as categorias: cidade, empresa, imprensa, motorista profissional, transportadoras de cargas e/ou passageiros e geral. Todos os anos, os vencedores nacionais de cada uma das categorias ganhavam um troféu e uma viagem à Suécia, para conhecer um dos sistemas de trânsito mais seguros do mundo.
A Fundação Thiago Gonzaga, criada em 1996, é um desses ganhadores. A Fundação, uma Organização Não Governamental-ONG, iniciou suas atividades em maio de 1996, um ano após a morte de Thiago Gonzaga, filho de 18 anos do casal Régis e Diza Gonzaga, em um acidente de trânsito em Porto Alegre (RS).“Em pouco tempo, o Vida Urgente, carro-chefe da Fundação, ganhou uma proporção tão grande que superou todas as nossas expectativas. No primeiro ano da Fundação, já contávamos com centenas de voluntários cadastrados e já tínhamos despertado o interesse da mídia local e nacional”, comenta Diza Gonzaga, presidente da ONG.
Diza considera uma grande sorte ter conhecido o Programa Volvo de Segurança no Trânsito no início de sua jornada, pois o reconhecimento do Prêmio Volvo colaborou para ampliar a visibilidade do trabalho realizado pela instituição. “Além dos eventos e informações sobre o assunto oferecidos pelo PVST, ganhamos uma Menção Honrosa (1996) e quatro vezes o Prêmio Volvo na categoria geral, sendo três delas em nível nacional (2000, 2004 e 2010), o que nos deu a chance preciosa de vivenciar a realidade da Suécia em termos de segurança no trânsito”.
Ao fundar a ONG, Diza direcionou seu trabalho para evitar outras mortes de jovens no trânsito. Com o Vida Urgente, a ideia inicial era formar um grupo de voluntários jovens para percorrer de madrugada bares e casas noturnas de Porto Alegre a fim de tentar convencer outros jovens a não dirigirem se tivessem ingerido bebida alcoólica. Com o tempo, as ações estrapolaram as fronterias municipais para outras cidades do Rio Grande do Sul e do Brasil.
Considerando-se todos os estados brasileiros, são mais de 20 mil voluntários inscritos para atuar nas ações da Fundação. Além desses jovens, a Fundação conta com o apoio voluntário de psicólogos, produtores, atores e agências de publicidade. “Não há como mensurar o número de pessoas impactadas com o nosso trabalho até hoje. Até porque já atuamos, inclusive, para a aprovação de leis, como a da Lei Seca”, completa Diza, que acrescenta “Nossas ações foram se modernizando com o tempo, hoje já temos parcerias com aplicativos de transporte individual, por exemplo, para quem bebeu poder voltar para casa em segurança”. Entre as dezenas de eventos que participa a cada ano, Diza já teve a oportunidade de representar o País em vários encontros a convite da Organização Mundial da Saúde e da ONU.
Educação para um trânsito melhor
Outra ONG com destaque no Brasil é a ETEV – Educar para o Trânsito, Educar para a Vida, que surgiu em 2008. Seu idealizador, Luiz Carlos André, de Santa Rita (PB), ganhou o Prêmio Volvo na categoria motorista profissional em 2010, ao apresentar suas ideias para a mudança de comportamento no trânsito.
“Trabalhei como motorista de ônibus durante 20 anos. Tempo suficiente para testemunhar o caos do trânsito brasileiro e perceber que uma das principais formas de mudança é a educação das crianças”, enfatiza Luiz Carlos. “Por isso, trabalhamos com apresentações didáticas e lúdicas para crianças e adolescentes do Ensino Fundamental e Médio. Além de palestras em universidades e empresas”, completa Luiz.
Segundo os registros da ONG ETEV, mais de 45 mil pessoas já assistiram a alguma dessas apresentações, realizadas em 120 escolas e 37 empresas da região. Também são realizadas Blitz Educativas em parceria com a Polícia Rodoviária Federal. Por sua influência, 14 de maio foi decretado como o Dia Municipal da Consciência no Trânsito, em sua cidade. Luiz Carlos também leva ao ar um programa local de 1 hora na Rádio Cruz das Almas FM.
A ETEV também participou do projeto Zona Escolar Modelo no Trânsito, desenvolvido em vários países membros da Safe Kids Worldwide. No Brasil, a escola municipal Índio Piragibe, de Santa Rita, foi a contemplada para o trabalho e as ações foram desenvolvidas pela ETEV, com apoio da ONG Criança Segura Safe Kids Brasil, com financiamento da empresa americana FedEX.
Mudança de direção
Sebastião Pires de Camargo, de Juiz de Fora (MG), também conquistou o Prêmio Volvo na categoria motorista profissional. Ao todo, foram cinco vezes, sendo duas em nível nacional (1991 e 1993). Na primeira vez, foi a para a Suécia junto com os ganhadores das outras categorias. Já, na segunda vez, mudou seu destino ao pedir para receber o valor da viagem em dinheiro. A ideia era usar o dinheiro para abrir um Centro de Formação de Condutores (CFC).
Seu objetivo, que foi concretizado, era treinar outros motoristas em sua cidade, passando adiante a sua experiência de mais de 30 anos como motorista de ônibus. Assim, foi criado o SAEP – Serviço de Assistência Educacional a Profissionais, para o treinamento de motoristas profissionais de ônibus e caminhões. Em 2001, sua empresa se transformou no CFC SAEP e seus familiares foram trabalhar com ele. Hoje são 38 funcionários ao todo, sendo 18 instrutores.
Cerca de 10 mil motoristas já foram treinados em cursos de direção segura e econômica na SAEP, que tem grandes empresas como clientes, em Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. Além disso, Sebastião ministra palestras em eventos sobre o tema.
“Treinamos cerca de 70 motoristas por mês e, acabamos de fechar um contrato para treinar 3 mil motoristas de táxi nesse ano de 2017”, comenta Sebastião. “Acredito que já tivemos uma grande evolução na segurança no trânsito de forma geral, mas há ainda muito por fazer. E continuar disseminando a cultura de segurança é ainda uma das minhas missões”, finaliza.